De acordo com o estudo Global Burden of Disease (GBD), de 2016, os hábitos alimentares inadequados foram o segundo fator de risco que mais contribuiu para a mortalidade precoce.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), devemos consumir, no máximo, 5g de sal (cloreto de sódio) por dia.
O nível elevado de sal aumenta o risco de hipertensão arterial (HTA), um dos principais fatores modificáveis que condicionam o excesso de mortalidade por AVC.
Um consumo médio diário de sal inferior a 5 g reduz em 23% a morte por AVC e em 17% a doença cardiovascular. Uma alimentação rica em sódio e pobre em potássio, micronutriente com importância na regulação da pressão arterial, contribui para a HTA.
A OMS recomenda que a razão sódio-potássio não seja superior a 1, no máximo 1,2. O consumo atinge uma razão entre 1,6 e 1,7. O que contribui para o consumo elevado de sal?
O sal adicionado no momento da confeção e da preparação dos alimentos em geral (29,2%), pão e tostas (18,5%), sopa (8,2%) e os produtos de charcutaria e carnes processadas, com um contributo de 6,9%.
A Direção-Geral da Saúde, através do Plano Nacional de Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), tem vindo a disponibilizar diversos materiais sobre os riscos do consumo de sal.
Respondendo ao objetivo estratégico de “Promover a sensibilização e a capacitação dos consumidores para um consumo reduzido de sal”
Nomeadamente o descodificador de rótulos que devemos descarregar na página do PNPAS:
- Vermelho − alimentos a evitar, alimentos com mais de 1,5 g de sal/100 g (ou 100 ml);
- Amarelo – consumir só de vez em quando, alimentos com um teor de sal entre 0,3 g e 1,5 g /100 g (ou 100 ml), e a escolha acertada,
- Verde – para produtos com 0,3 g ou menos por 100 g ou por 100 ml.
A utilização de ervas aromáticas permite a redução da quantidade de sal adicionada à refeição, mas também, pela sua riqueza nutricional em agentes antioxidantes e anti-inflamatórios, acrescenta benefícios para a saúde.
À luz da evidência científica atual, na HTA, sobretudo na resistente ao tratamento, estão identificadas modificações na flora intestinal.
Sabe-se que a flora intestinal é modificável pela dieta e pelos estilos de vida. Sabe-se que uma dieta pobre em hortícolas e mais rica em proteínas animais e em gordura modifica a composição da flora, não sendo nada benéfica.
A intervenção nutricional, com probióticos (alimento, ou suplemento, que repõe as bactérias “boas”, como o leite fermentado – iogurte, quefir) e com prebióticos (alimento das bactérias “boas”, como é o caso dos produtos hortícolas) parece incontornável também no contexto da prevenção e do tratamento da HTA. São três as medidas prioritárias:
- Tenha atenção aos rótulos nutricionais, prefira alimentos com menor teor de sal;
- Use as ervas aromáticas frescas, como salsa, coentros e manjericão, ou mesmo o louro, a cebola e o alho, pois, além de serem excelentes substitutos do sal, conferem sabor, cor e aroma às refeições;
- Aumente o consumo de produtos hortícolas e de fruta, pois não só são fonte de potássio mas também têm efeitos prebióticos.
Os níveis de vitamina D também influenciam a pressão arterial, e a sua deficiência assume um papel relevante na HTA, pelo que se recomenda especial atenção a esta vitamina.
Uma dieta pobre em hortícolas e mais rica em proteínas animais e em gordura modifica a composição da flora, não sendo nada benéfica
