Porque a Artrite Reumatoide Afeta mais as Mulheres?

As causas e origens da artrite reumatoide (AR), bem como as circunstâncias que têm influência no seu desenvolvimento, são ainda hoje objeto de ampla investigação em todo o mundo e descritas como a “patogénese das doenças”.

A percepção generalizada é a de que existe uma interação complexa entre a genética e fatores ambientais que, em indivíduos suscetíveis, desencadeia a(s) doença(s).

O progresso da Ciência, no entanto, tem ajudado a desvendar vários mecanismos que estão na origem da doença.

Era conhecida a perda de reconhecimento daquilo que faz parte do nosso organismo pelas nossas próprias defesas, que hoje designamos por perda de tolerância e pode, por analogia, comparar-se com o “fogo amigo militar”, que, por ativação desadequada do nosso sistema imune, ataca e destrói as nossas próprias articulações e osso adjacente.

Tudo parece começar na membrana sinovial que, dentro das nossas articulações, se inflama e começa a expandir-se e a destruir tudo em seu redor.

Estes mecanismos de perda de tolerância são hoje objeto de intensa investigação, bem como os fatores que a determinam.

A apresentação de autoantigénios com a ativação de células T e B específicas contribui para a inflamação e deformação articulares, que se generalizam com inflamação sistémica envolvendo órgãos e sistemas.

Mas a complexidade e a redundância do nosso sistema imunológico, que extravasa o âmbito desta despretensiosa conversa, deixaram perceber mais uma originalidade: a maior frequência das doenças autoimunes na mulher!

Porque a Artrite Reumatoide Afeta mais as Mulheres?

Sugerindo que os mecanismos patogénicos são condicionados pelo género. Por enquanto, não estão claramente definidos os fatores responsáveis, mas são conhecidas as ações imunomoduladoras das hormonas sexuais e compreendidas algumas das formas como atuam no nosso sistema imune.

Recentemente, genes do cromossoma “feminino” X demonstraram ter responsabilidades na regulação do nosso sistema imunitário.

Ora, a clínica e a epidemiologia já nos mostraram que a frequência da artrite reumatoide era duas a três vezes maior nas mulheres; que 50% das que tinham artrite reumatoide, ao engravidarem, melhoravam ou entravam mesmo em remissão da doença durante a gravidez, mas esse efeito “protetor” extinguia-se após o parto com alguma prorrogação com a amamentação.

Estes factos conhecidos há dezenas de anos levaram até ao tratamento das mulheres com artrite reumatoide com hormonas femininas, e até masculinas, sem resultados…

Que os fatores genéticos são relevantes está bem patente nos estudos com gémeos verdadeiros, em que quando um tem artrite reumatoide, o risco para o outro gémeo é 15 a 30 vezes maior do que na população em geral.

Como vimos, também as hormonas sexuais e alguns genes do cromossoma X regulam a resposta imune, mas as causas são multifatoriais e complexas, numa interação com fatores ambientais.

Os fatores de risco na artrite reumatoide conhecidos são o tabaco, que duplica o risco de as fumadoras virem a ter artrite reumatoide, algumas infeções bacterianas ou virais recentemente visadas, a inflamação das gengivas por periodontite específica, e, provavelmente, alguns acontecimentos adversos da vida e o próprio conteúdo microbiano (microbioma) originam hoje investigação básica e aplicada em todo o mundo.

É o admirável mundo novo da investigação básica, partindo da evidência clínica ou da procura dos mecanismos básicos da vida, no nosso sistema imune inato e nas respostas adaptativas conhecidas.

Nos últimos 20 anos, os grandes avanços no tratamento da artrite reumatoide surgiram justamente com medicamentos dirigidos a alguns dos mediadores do processo inflamatório, entretanto conhecido.

Muitos outros se têm juntado desde então, permitindo atuar em vários níveis da patogenia já conhecida da artrite: neutralizando mediadores circulantes da inflamação, bloqueando os receptores de outros mediadores, entrando dentro da célula e inibindo a produção, ou dentro do núcleo, agindo na sinalização das células e bloqueando a transmissão de mensagens do nosso ARN [ácido ribonucleico].

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