Glúten: Veja porque ele é prejudicial a saúde, veja se você é intolerante a glúten e quais os sintomas

Do pãozinho francês no café da manha a macarronada nos almoços de família, muitos alimentos tão básicos em nossa mesa ter em sua composição um elemento em comum: o glúten – que é uma rede de proteínas existente no trigo, cevada, centeio e mate. 

O glúten é o responsável por dar elasticidade às massas. No mundo, o trigo está presente há mais de 10 mil anos, quando o homem começou a plantar e criar animais. 

O cultivo iniciou na Mesopotâmia, em uma região chamada pelos historiadores de Crescente Fertil – área que hoje vai do Egito ao Iraque. 

Os grãos eram consumidos numa espécie de papa, misturada com peixes e frutas. De lá, ganhou o mundo. No Brasil, o grão chegou em 1534, mas foi só na metade do século 18 que a cultura do trigo começou a se desenvolver no Rio Grande do Sul e Paraná. 

A partir da década de 1940, as plantações passaram a se expandir. De acordo com a Embrapa, o consumo de trigo no país dobrou desde os anos 1970. Há 45 anos, eram consumidos 30 quilos por pessoa, por ano. Hoje, são 60 quilos. 

Com um ingrediente tão comum e parte de um cardápio tão enraizado em nossa cultura alimentar, fica difícil associar o consumo do glúten a uma série de problemas de saúde, causados por alergias e intolerâncias alimentares, sendo a doença celíaca a mais grave entre estas. 

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A literatura médica mostra que o glúten tem um potencial alergênico alto e é responsável por tais alergias e intolerâncias causadoras de mais de uma centena de sintomas, que vão desde diarreia crônica ate anemia, enxaqueca, depressão, problemas na tireoide, entre outros. 

O grande problema é que por ter uma lista imensa de sintomas, a identificação da intolerância ou a alergia ao glúten pode levar muito tempo. O glúten sozinho não traz muitos benefícios, mas ele é encontrado em alimentos que contêm fibras e vitamina B, zinco e ferro. 

É importante ressaltar que cortar esse alimento é indicado para pessoas que possuam alergia ou intolerância que retirar esses alimentos pode levar a carência de nutrientes. 

Veja, a seguir, as doenças que o glúten traz ao organismo:

Doença celíaca

Um inimigo quase oculto. A doença celíaca é o principal problema de saúde  associado ao glúten. Ela se caracteriza pelo processo auto imune, que gera inflamação crônica da mucosa do intestino delgado que pode resultar na atrofia das vilosidades intestinais. 

As vilosidades são estruturas responsáveis por absorver os nutrientes dos alimentos. Com essas comprometidas, a absorção não ocorre como deveria. Ela ter causas genéticas e geralmente aparece logo na infância, em crianças com idade entre 1 e 3 anos, mas pode surgir em qualquer faixa etária. Hoje, acomete oficialmente de 0,5 a 2% dos brasileiros. Porém, a maioria dos casos ainda não foi coberta. 

Para cada caso diagnosticado há de 5 a 13 não diagnosticados. No mundo, estima-se que cerca de 1% da população seja celíaca, com maior predominância em países europeus. Os sintomas mais comuns da doença são: 

  • diarreia crônica
  • distensão abdominal
  • mal-estar
  • anemia crônica
  • osteopenia
  • problemas de crescimento, entre outros

Ela também pode ser atípica, manifestando-se por artrite, epilepsia, aborto recorrente, aftas, infertilidade, neuropatia, e outros. 

Com alguma frequência se associa ao diabetes tipo 1, insulino dependente, e ao risco aumentado de tumores malignos do intestino. Atualmente a doença celíaca é considerada um problema de saúde pública emergente. 

Os avanços nos métodos de diagnóstico e rastreamento da doença têm levado ao crescimento importante de casos detectados, além de haver evidências médicas indicando um aumento real em decorrência de hábitos alimentares modernos e problemas ambientais e socioeconômicos.

Os exames de sangue são muito utilizados na detecção da doença celíaca. Os de anticorpos antitransglutaminase  tecidular (MT) e de anticorpo antiendomísio (ME) são altamente precisos e confiáveis, mas insuficientes para um diagnóstico. 

A doença celíaca deve ser confirmada encontrando-se certas mudanças nas vilosidades que revestem a parede do intestino delgado. 

Para ver essas mudanças, uma amostra de tecido do intestino delgado é colhida por meio de um procedimento chamado endoscopia com biópsia, em que um instrumento com uma sonda é inserido através da boca, passa pela garganta e pelo estômago, e chega ao intestino delgado para obter amostras de tecido. 

Doença celíaca, veja como ela afeta as crianças

A maior parte dos casos de doença celíaca é desenvolvida ainda na infância, quando a criança começa a ter os primeiros contatos com o glúten. Os exames para o diagnóstico são os mesmos feitos nos adultos. 

É bom lembrar que a doença tem um forte caráter genético, portanto, filhos, pais e irmãos de celíacos têm grandes chances de apresentarem a doença e devem fazer os exames ao sentirem qualquer desconforto recorrente. Quanto antes for descoberta a doença, melhor será a qualidade de vida do paciente. 

  • Na maioria das vezes, o diagnóstico acontece entre 1 e 3 anos de idade. 
  • Os principais sintomas são: baixa estatura para a idade, reduzido ganho de peso, diarreia frequente, barriga distendida, anemia e vômito.
  • O diagnóstico completo deve ser feito por meio de exame de sangue e endoscopia com biópsia 
  • A Alguns quadros, chamados de 141 não clássicos, são monossintomáticos: o paciente apresenta apenas um desses sinais, isoladamente 
  • Caso os exames confirmem o diagnóstico, a criança precisará seguir uma dieta totalmente livre de glúten

Dermatite herpetiforme

Dermatite herpetiforme é uma doença de pele auto imune causada pelo glúten. É caracterizada por lesões na pele, com bolhas pequenas ou grandes e provoca muita coceira e queimadura. 

A maioria das lesões se concentram nos cotovelos, nos joelhos, nas nádegas, na parte inferior das costas e na parte posterior da cabeça, mas podem aparecer também no rosto e pescoço. 

O diagnóstico é feito por biópsia da pele. Da mesma forma que a doença celíaca, em grande parte dos casos de dermatite há também alterações da mucosa do intestino, com algum grau de atrofia vilositária.

Atinge tanto mulheres quanto homens, na proporção de uma pessoa em cada 100.000. Ela é mais comum em brancos do que em negros e rara na população japonesa. 

Ela inicia seu aparecimento com maior frequência no fim da segunda e da quarta décadas de vida. 

Hipersensibilidade ao glúten ou alergia tardia 

A forma mais predominante de interferência do glúten no nosso organismo é a hipersensibilidade, ou alergia tardia. O diagnóstico também é pouco realizado e a grande maioria das pessoas não sabe que tem alergia. 

Não há números oficiais sobre a predominância deste tipo de hipersensibilidade. A alergia tardia ao glúten pode ser responsável por sintomas como alterações de comportamento, dores de cabeça, cansaço, depressão, anemia, problemas de pele e dores articulares, entre muitos outros. 

O diagnóstico de alergias tardias é nutricional e não médico, pois ele é feito a partir da análise dos sintomas apresentados e do estudo do hábito alimentar do paciente. O problema não está no consumo do glúten, mas está no excesso dele associado a erros alimentares, como a queda no consumo de frutas, verduras, legumes e cereais integrais. 

Quando a hipersensibilidade é detectada, o glúten deverá ser retirado da dieta por um período de tempo individualizado, que será determinado pela nutricionista e que difere de um paciente para o outro. 

Esse tempo é necessário para diminuir as substâncias inflamatórias do organismo, ao mesmo tempo em que se corrigem os erros alimentares para resgatar as defesas do organismo e a sua capacidade de lidar com fatores externos, ou seja, resgatar a tolerância imunológica a vários fatores, inclusive ao consumo do glúten. 

A alergia ao trigo é muito menos incidente e representa de 1 a 2% dos casos de hipersensibilidade. Ela pode se manifestar de diversas formas: alergia respiratória (chamada de asma do padeiro), alergia alimentar e urticária de contato

Quais os sintomas da intolerância ao glúten?

Quais os sintomas da intolerância ao glúten?

Além dos sintomas clássicos da sensibilidade ao glúten e da doença celíaca, existe uma série de outros que estão relacionados ao consumo do glúten. Isso acontece por conta da má absorção de nutrientes, vitaminas e minerais, como é o caso do cálcio, em pacientes com osteoporose, e do ferro, em anêmicos.

  • Pele – unhas quebradiças acne e eczema
  • Boca – Úlcera e erosão dos esmaltes dos dentes
  • Articular e muscular – dor e inchaço
  • Estômago – dor e náuseas
  • Intestinal – Diarreia, inchaço e constipação
  • Sistema reprodutor feminino – infertilidade, aborto espontaneo e menopausa precoce

Posso cortar o glúten da minha alimentação?

Excluir o glúten por conta própria é algo cada vez mais comum, visto que muitas pessoas acreditam, de maneira equivocada, que é possível emagrecer ao deixar de consumir alimentos com trigo, cevada, malte e centeio. 

Mas é importante lembrar que, antes de excluir o glúten da dieta ou afirmar que você sofre de uma hipersensibilidade à proteína, é preciso afastar a possibilidade de ter doença celíaca. Para isso, procure um médico. 

A retirada do glúten antes da investigação pode atrapalhar o diagnóstico da doença celíaca, que deve ser feito por um gastroenterologista. Caso sejam feitos os exames e descartada a possibilidade, pode-se retirar o glúten para ver se os sintomas da hipersensibilidade diminuem. 

Caso isso ocorra, está comprovada a hipersensibilidade e aí ele pode dar início ao tratamento. 

Como o glúten age em quem tem intolerância a glúten e em uma pessoa que tem doença celíaca?

No trigo, o glúten se divide em gliadina e glutenina. A gliadina está ligada à doença celíaca. Outras proteínas quimicamente parecidas com a gliadina também são tóxicas. É o caso da hordeína (cevada) e secalina (centeio). 

  1. Nas paredes do intestino delgado existem umas espécies de braços chamadas de vilosidades. Elas são responsáveis por aumentar a superfície de absorção dos nutrientes. 
  2. Quando o glúten chega ao intestino do celíaco, o organismo começa a produzir uma grande quantidade de linfócitos intraepiteliais, que acabam funcionando como anticorpos que combatem o glúten. 
  3. Esses anticorpos atuam sobre as vilosidades do intestino. Por conta disso, elas inflamam, atrofiam-se e deixam de absorver os nutrientes. Tais nutrientes são descartados nas fezes. 
  4. A parte mais afetada pela doença é a porção inicial do intestino delgado (jejuno), mas ela pode se estender distalmente. 

Doença celíaca e a hipersensibilidade

A hipersensibilidade é uma reação rápida do sistema imunológico que produz anticorpos (imunoglobulina E) contra alguma substância estranha (antígeno). 

Os anticorpos circulantes são o que causam a reação alérgica. Na doença celíaca existe uma reação imunológica tardia. Não é considerada alergia alimentar.

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